Caldeiraria: entenda a origem e aplicações
Para quem não é do ramo da engenharia, caldeiraria é diretamente relacionada ao caldeireiro, associando o termo à um profissional que opera caldeiras à vapor. E não é bem assim!
A palavra caldeiraria teve origem nos primeiros modeladores de ferro e aço que trabalhavam principalmente nas fabricações de caldeiras. Com o passar dos anos estes profissionais foram se especializando em trabalhos de maior complexidade que incluíam a confecção de espadas e armaduras.
Somente após o descobrimento do aço de baixo teor de carbono obtido em fornos tipo Bessemer e Thomas, é que os trabalhos de caldeiraria alcançaram grande difusão. Emergia o mercado de grandes estruturas metálicas e pontes metálicas que começavam a ser construídas na Europa e Estados Unidos.
Com o surgimento dos aços inoxidáveis, em 1915, criou-se outro campo de trabalho dentro da caldeiraria: a caldeiraria em aço inoxidável. Este segmento, que atualmente utiliza também ligas com titânio e tântalo, é muito importante pois abrange numerosas industrias, especialmente a química, a aeronáutica e a espacial.
Divisões da Caldeiraria
A diversidade de metais trabalhados na caldeiraria e suas diferentes espessuras, originaram a divisão do ofício em quatro tipos:
- Funilaria/Chaparia – trabalho com aço com baixo teor de carbono, cobre, latão e alpaca, cuja espessura raramente ultrapassa 1 milímetro.
- Chaparia – trabalho com todos os metais e ligas de espessura inferior a 3 milímetros.
- Caldeiraria leve e média – trabalho com aço de baixo e médio teor de carbono, com espessuras de no máximo 10 milímetros.
- Caldeiraria pesada – sendo todos os trabalhos acima de 10 milímetros de espessura e com vários tipos de aço e ligas.
O caldeireiro é o metalúrgico responsável pela construção de tanques, vasos de pressão, fornos, chaminés, caldeiras, estruturas metálicas, e outras peças. Deve ter bons conhecimentos de desenho técnico detalhes do projeto, ter habilidade e precisão, de forma a transformar em uma peça ou componente de caldeiraria o que está no desenho.
Eventuais erros cometidos na interpretação do desenho, medidas, cortes ou soldas imprecisas irão resultar em peças defeituosas ou até mesmo passíveis de inutilização. Isto é traduzido comumente em prejuízos financeiros e também no cronograma de obra.
A diversidade da caldeiraria se dá pela enorme variedade de equipamentos e estruturas metálicas existentes no mercado. Isso justifica a existência de empresas de caldeiraria específicas para as mais diferentes aplicações industriais.
Para evitar aborrecimentos e manter a qualidade necessária, empresas estruturadas adotam normas de engenharia que norteiam o processo produtivo. Tanto para os processos de preparação e corte da matéria prima, quanto os procedimentos de soldagem e pintura. A utilização de processos regidos pela ASTM (American Society for Testing and Materials), que é um dos mais renomados órgãos de regulação de normas padrão em todo o mundo, são bastante usuais. Além, evidentemente de normas que norteiam os processos de gerenciamento e organização da cadeia produtiva, e até mesmo procedimentos de proteção ambiental. Frequentemente é lançado mão de processos regulamentados por normas ISO.
Em um passado não muito distante as peças mais complexas exigiam profundo conhecimento e habilidade do caldeireiro. Profissionais com ¨mão firme¨ eram disputados no mercado para execução do oxicorte das peças com o melhor nível de acabamento possível. O caldeireiro ¨traçador¨, executava o traçado na chapa a ser cortada em verdadeira grandeza. Atualmente a necessidade da perfeição da habilidade manual para o corte e do traçado foram substituídos por máquinas CNC de corte plasma, por exemplo. Dobradeiras, guilhotinas e calandras CNC substituíram os processos manuais, fazendo com que o caldeireiro tenha necessidade muito mais de domínio de normas e técnicas matemáticas do que habilidades manuais.
Tanto a produção, quanto a qualidade de acabamento ganharam incrementos beneficiando toda a indústria!