Gestão de Equipes Virtuais a partir do Núcleo Cultural

Gestão de Equipes Virtuais a partir do Núcleo Cultural

Uma prática que tem crescido a passos largos nas empresas são as equipes  virtuais e o desenvolvimento do Núcleo Cultural nesse processo é muito importante.. Pessoas trabalhando juntas, coletivamente, com objetivos compartilhados, porém  em localidades diferentes já é a nova realidade para o crescimento organizacional.

Joseph DiSefano e Martha Maznevski (apud HOLLEMA, 2020) escreveram um  artigo em que agruparam o desempenho das equipes virtuais globais em três categorias:  destruidores, equalizadores e criadores. As equipes dos destruidores destroem o valor,  perdendo tempo e energia. Por isso, os membros da equipe não confiam uns nos outros, retêm  informações e usam estereótipos culturais negativos para justificar sua falta de colaboração.  Nas equipes de equalizadores, os membros acham que a  equipe está funcionando bem.

A comunicação é boa e a maioria participa de reuniões e  compartilha informações livremente. A equipe completa o trabalho e os conflitos são  evitados ou resolvidos rapidamente. No entanto, a equipe não está utilizando todo o  potencial. Já nas equipes de criadores, todos querem participar. São de alto desempenho e  superam as expectativas. Em vez de minimizar a diversidade cultural, eles a exploram  ativamente em práticas deliberadamente inclusivas. Os membros da equipe são  encorajados e querem contribuir com suas ideias. Sentem-se valorizados, respeitados e  desafiados, demonstrando o potencial superior do trabalho em equipe virtual. Esta é a  missão do gestor: transformar suas equipes virtuais em equipes criadoras.  

Gestão de equipes virtuais x Gestão de equipes presenciais

Primeiramente, a gestão de grupos virtuais necessita de uma abordagem diferente em relação à gestão de grupos presenciais. Isso ocorre porque nos grupos presenciais, os membros da  equipe encontram-se na entrada e saída da empresa, nos corredores, no refeitório, na sala  do café, nas reuniões, e essa aproximação facilita a conexão e o vínculo emocional entre  eles. A proximidade física melhora a produtividade, a criatividade e a velocidade de entrega  de projetos. Isso ocorre porque a química e a coesão são facilitadas pela proximidade das  pessoas nas equipes presenciais. 

Em uma equipe que trabalha no mesmo prédio ou na  mesma cidade, muitas vezes os membros frequentam o mesmo clube, torcem pelo mesmo  time, frequentam o mesmo mercado. Vão ao cinema, ao teatro, passam finais de semana  na casa de seus colegas e seus filhos estudam na mesma escola. Esse contato cria um forte vínculo emocional, facilitando a construção de uma equipe de alto desempenho.  

Já em um grupo virtual, as pessoas têm um endereço de e-mail, um número de  telefone e moram a centenas de quilômetros umas das outras, ou seja, o estabelecimento de  vínculos se dá por uma abordagem diferente. Nos grupos virtuais, a interação e a conexão  dão-se por meio da tecnologia. Mesmo assim, não deverão ter uma performance ou entrega inferior à das equipes presenciais. 

Por que o Núcleo Cultural é importante para a gestão de equipes virtuais?

O processo grupal ocorre de forma diferente, mas o  modo de fazer negócios, inovações e relacionamento com os clientes devem partir da  cultura organizacional. Por conta disso, gestores devem mostrar uma forte competência  cultural. Assim, serão os guardiões da cultura nas suas equipes presenciais e virtuais.  Gestores precisam sustentar a cultura da empresa, mesmo em ambientes distantes do  prédio ou do escritório físico da empresa.  

A cultura desempenha o modelo causal dos comportamentos e dos  hábitos grupais. Culturas saudáveis criam boas situações, que criam bons pensamentos,  que criam bons comportamentos e bons resultados. Culturas pobres criam culturas pobres,  criam situações pobres, que criam pensamentos pobres, que criam comportamentos pobres  e resultados pobres. A função de um líder é construir culturas fortes e robustas, a fim de  irradiar um ambiente saudável e fértil em toda a empresa.  

No livro Cultura organizacional e liderança,  é apresentado o  conceito de cultura organizacional como a ideia de que certas coisas nos grupos são  compartilhadas ou assumidas em comum, como normas, valores, padrões de  comportamentos, rituais, tradições etc. Cultura implica algum nível de estabilidade estrutural  ao grupo, ou seja, quando usamos o termo “cultura do grupo” não nos referimos apenas a  algo compartilhado pelos membros, mas também a algo estável, porque isso define o  grupo.  

Em grupos virtuais, temos pessoas morando e vivendo em cidades e até em países  diferentes. Cada uma das pessoas traz uma cultura e um estilo profissional e pessoal  diferente ao grupo. Porém, isso não irá determinar a impossibilidade de criarmos um forte  grupo virtual, pois a qualidade do grupo dependerá do grau de interdependência entre seus  membros. 

Vantagens do Núcleo Cultural

Se  quisermos verdadeiramente construir uma cultura forte, precisamos acessar seu Núcleo. Esse é o ponto de partida. Somente investigando, analisando, compreendendo e mudando  o Núcleo Cultural é que poderemos interferir na cultura geral. É nele que se situa o principal  vetor de crescimento e de declínio grupal. O Núcleo Cultural faz parte da identidade de  cada organização e as diferencia das demais gerando vantagem competitiva.  

Por se tratar de algo único e exclusivo, o Núcleo Cultural proporciona as vantagens  para a organização competir e constitui o recurso mais valioso da organização. A  perspectiva da abordagem do Núcleo é de um movimento “de dentro para fora” (inside out).  Por conta disso, é indispensável aos gestores conhecerem o Núcleo Cultural da cultura  organizacional, a fim de aproveitar essa força invisível incrível ou mesmo para evitar algo  desagradável. Não conhecer o Núcleo Cultural leva empresas a correrem riscos sérios de  sobrevivência, já que esse poderoso elemento cultural pode conduzir bons ou maus  componentes.  

O Núcleo Cultural não é tecnologia nem infraestrutura. Não são prédios e salas, não  são sistemas. Também não se trata de logística nem de projetos. Geralmente as empresas  confundem sua essência cultural com tecnologia, infraestrutura ou estratégia. Se  estivermos buscando uma cultura de crescimento, o conceito de Núcleo Cultural deverá  revelar um conjunto de características distintivas. 

Esse núcleo é percebido em todo o âmbito grupal, contribuindo para o  funcionamento dos grupos. O que está no Core pode conter elementos construtivos e  destrutivos: ele é a fonte oculta da geração da cultura de crescimento, mas pode também  ser responsável pelo declínio grupal. Nele se encontram sementes que proporcionam um  desempenho superior sustentável, mas também pode haver elementos que ocasionarão o  declínio da organização. 

Núcleo Cultural e Cultura Organizacional  

O Núcleo Cultural é um determinante implacável da cultura organizacional, é sua  causa-raiz. Ele contém elementos na totalidade. No entanto, é a parte mais poderosa da cultura para  gerar tanto a energia positiva e o crescimento, construindo culturas fortes e únicas, como a  energia negativa, construindo culturas fracas que podem levar à destruição do sistema. Não  é algo que acontece por acaso, como um dom ou destino. Na verdade, é algo que se  constrói ao longo da vida do grupo, dia após dia. No Core está a semente do crescimento:  quando acertamos a fórmula, a mágica acontece.  

Para os grupos e empresas crescerem é necessário estabelecer regras, normas e  controles. Eles precisam de disciplina para se desenvolver e, por isso, a grande maioria dos  gestores se concentra nesses aspectos administrativos de crescimento. Porém, na esteira  do crescimento surgem situações de difícil resolução que são jogadas nos “porões” da  organização – é a “vida não vivida da empresa”.

Para a empresa e os grupos avançarem, a fim de restabelecer uma maior energia vital, deve haver conhecimento, análise e trabalho em cima desses conteúdos, sempre de forma segura e com adequação. Isso se dá porque o  que está na zona oculta não desaparece pelo fato de não ser visível. Ao contrário, o que  está no subterrâneo se torna parte ativa da vida de todos, aparecendo em todos os  processos e relacionamentos internos e externos, minando e envenenando o Núcleo Cultural e a vitalidade de todas as pessoas na empresa e nos grupos. Por isso, gestores de  grupos precisam se preocupar e atentar para além dos aspectos visíveis dos grupos,  focando também nos elementos ocultos do Núcleo Cultural.  

Porém, intimidade, confiança e segurança psicológica podem se desenvolver com  encontros em que todos os membros do time se reúnem presencial ou virtualmente, a fim  de se conhecerem melhor. 

Considerações Finais

O simples fato de a gestão fixar uma meta não significa que as pessoas tentarão  cumpri-la. O compromisso não é automático. Também não adianta simplesmente instruir as  pessoas dizendo: “comprometa-se com seu colega e com a organização” e esperar que  isso aconteça. Porém, quando houver alinhamento e conexão em uma única  identidade grupal, inicia-se o processo de formação de uma equipe coesa, e há a identidade grupal quando todos estão dentro do mesmo propósito. A cola que une a  todos é viver dentro do mesmo propósito, com metas compartilhadas, colaboração,  comunicação verdadeira e segurança psicológica.  

Entretanto, o grupo precisa compartilhar do sentimento de coesão e de pertencimento, mesmo  em localidades diferentes. Momentos informais de aproximação, a descoberta de quem são as pessoas do grupo, seus gostos e estilo de vida ajudam muito na conexão emocional. Por exemplo: comemorações dos feriados; compartilhamento de fotos do local onde trabalham de forma remota; comemorações dos aniversariantes; celebração dos resultados pessoais e da  equipe; coordenação para que todos do time façam refeições juntos, etc.. Eventos como esses contribuem para criar um forte  Núcleo Cultural de uma equipe virtual.  

Autor: Roberto Scola

About the author: STAHL Engenharia